A TORRE DE HÖLDERLIN
Soldado, quem te ama?
Moriturus Salutat
MÁRIO FAUSTINO
Sete bois revestem o escudo de Ajax.
Heitor recusa o seio de Hécuba.
Odisseus se chamará Ninguém.
El Cid é desterrado para Burgos.
Três são os personagens na Comédia.
Robinson está só em sua ilha.
E quem saberá a tua beleza antes que em verdade seja? Digo-te que às vezes a morte se cansa – atravesso-me com a palavra que te desenha: Sol, ave-gema.
Queres amar meu braço descarnado? Queres amar só o que não te ameaça? É isso que assinalas. O que o mundo amarras em teus braços não será a pluma que a tempestade disse-me, ali, depois da tarde?
O poema refina o tempo.
Para o poeta, a palavra é sempre o que anseias, isso que se escreve em diferentes tintas num verso é jovem como a água da manhã mais nova e transparente como a lucidez mais impossível. É sempre o impossível tomando forma, por isso a loucura é uma palavra, e na loucura os loucos conversam, a sós, com Deus. É o amor pelas tempestades. Entre as nuvens.
Por isso Hölderlin é mais criança,
é o mais moço dos poetas.
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